Nelore

Origem da Raça

A história da raça Ongole, ou Nelore, como é conhecida no Brasil, começa mil anos antes da era cristã, quando os arianos levaram os animais para o continente indiano.

Nelore é o nome de um distrito da antiga Província de Madras, Estado de Andra, situada na costa oriental da Índia, onde foram embarcados os primeiros animais para o Brasil.

Os indianos consideram o bovino um animal sagrado. Por isso, a maior parte da população é vegetariana e tem o leite como técnica fonte de proteína animal na dieta. A exploração dos animais é concentrada na produção de leite e no transporte.

O rebanho indiano é constituído, na sua grande maioria, de animais mestiços, de tipos variáveis, em razão da falta de divisões de pastos e das grandes distâncias que são obrigados a percorrer em busca de alimentos durante certas épocas de escassez.

Alguns poucos núcleos de animais foram selecionados pelos criadores locais e constituíam tipos ou raças com características próximas dos troncos fixos existentes. Os troncos conhecidos e considerados puros que deram supostamente origem ao zebu brasileiro são:
• Gado Branco do Norte ou Brahmane;
• O tipo Misore do Sul Hallikar, Kangavam, Khillari, Nimari;
• Gado Gir, das regiões de Kathiawar;
• Gado Pardo ou Vermelho Sahiwal, Sindhi;
• Gado Cinza de Madras:
• Norte ou escuro: Hissarr, kankrej, Malvi, Tharparkar;
• Sul ou Claro: Bhagnari, Hariana, Krishna, Nagori, Ongole, Gado de Dhanni do Punjab.

Histórico

A trajetória que transformou o Ongole indiano no Nelore brasileiro começa na primeira metade do século XIX, de quando datam os primeiros registros de desembarque no país de zebuínos originários da Índia.

A história descreve que a primeira aparição do Nelore no país teria ocorrido em 1868 quando um navio, que se destinava à Inglaterra, ancorou em Salvador com um casal de animais da raça a bordo. Os animais teriam sido comercializados, permanecendo no país.

Dez anos depois, em busca de animais exóticos para trazer ao Brasil, Manoel Ubelhart Lemgruber teve contato com a raça Ongole durante uma visita ao zoológico de Hamburgo, na Alemanha, e de lá promoveu a importação de um casal de animais da raça, em outubro de 1878. Posteriormente, outras partidas oriundas diretamente da Índia aportaram no Rio de Janeiro. A raça Nelore foi então se expandindo aos poucos, primeiro no Rio de Janeiro e, em seguida, Minas Gerais, Bahia e São Paulo. Com a retomada dos registros genealógicos, em 1938, pela então criada Sociedade Rural do Triangulo Mineiro (hoje ABCZ), os padrões raciais do Nelore começaram a ser estabelecidos.

As duas últimas e significativas importações de reprodutores Nelore aconteceram entre os anos de 1960 e 1962. Nesse período desembarcaram no país, em Fernando de Noronha, onde foram submetidos à quarentena, grandes genearcas como Kavardi, Golias, Rastã, Checurupadu, Godhavari, Padu e Akasamu que são a base formadora das principais linhagens de Nelore. Na última década do céculo passado, de forma organizada, um grupo de ciradores, junto com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, deram início a um novo processo de importação de material genético indiano na forma de embriões. Estes animais já começaram a nascer em nossas terras já na primeira década do século XXI.

Hoje, estima-se que o Brasil possui um rebanho com mais de 212 milhões de bovinos de corte e leite criados a pasto, dos quais 80% do gado de corte são Nelore ou anelorado, o que equivale a cerca de 135 milhões de cabeças. Este é o retrato de um trabalho que deu certo, a partir do desenvolvimento de know-how tecnológico próprio e ganhos progressivos de excelência em qualidade, ao natural, em plena harmonia com o meio ambiente.

O Nelore brasileiro, além de ser considerado hoje como um patrimônio legitimamente nacional, como o carnaval, o futebol, a caipirinha e o churrasco, pode ser considerado como a grande vitória da carne brasileira. Carne saudável e natural, exportada para mais de 146 países e cada vez mais demandada por consumidores esclarecidos do mundo todo.