Histórico

A história da Fazenda Bama teve início no ano de 1954, quando o Sr. José Lonardoni Meneguetti (in memorian) adquiriu, do governo do Estado do Mato Grosso, uma área de terras, no então município de Diamantino, onde seria criada a cidade de juara, no norte do Mato Grosso. Em homenagem ao seu estado de origem, denominou-a Fazenda São Paulo. Com muita dificuldade, em função da distância, da ausência de estradas, pontes, logística e de muitos outros fatores, em 1980 deu-se início à formação dessa propriedade.

No ano de 1984 surgiu a oportunidade de adquirir a Fazenda Bama, distante 6 km da Fazenda São Paulo e formada desde 1970, por dois empresários da região de Araçatuba (SP). Na propriedade havia na ocasião um rebanho com cerca de 1000 cabeças de gado da raça Nelore.

Daí para frente, após a constituição da J. L. Agropecuária Ltda, a família ampliou os investimentos na região, por meio de aquisições de novas áreas ao redor das duas propriedades, bem como investiu em melhorias de estrutura, logística e aumento do rebanho.

Desde a aquisição da Fazenda Bama, era projeto da empresa, desenvolver um rebanho PO da raça NELORE, visando, no futuro, disponibilizar Touros e Matrizes para a região norte do Mato Grosso.

Inovação e Tecnologia

Com o objetivo de melhorar o resultado econômico na atividade de pecuária, no ano 2000, a J. L. Agropecuária Ltda/Fazenda Bama firmou parceria com a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, por meio do Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte, denominado Geneplus - Embrapa, visando agregar qualidade genética no rebanho, o qual, desde então, se encontra em desenvolvimento. O Programa avalia não só os animais PO, mas também todo o rebanho da Fazenda.

Assim, desde o início da parceria Bama ? Programa Geneplus, a Fazenda é assessorada pelo pesquisador da EMBRAPA, Dr. Luiz Otávio Campos Silva, pelo Professor da Universidade Estadual de Maringá, Dr. Elias Nunes Martins e pelo Zootecnista, Dr. Luis Amadeu Vendrame Cardoso, todos vinculados ao Programa GENEPLUS. A Fazenda conta também com o consultor Dr. Luiz Carlos Tayarol, zootecnista da empresa Tayarol Consultoria Ltda, na área de nutrição animal.

Quando o Grupo da JL Agropecuária, por intermédio do professor Elias, procurou o Programa Geneplus-Embrapa para orientação no uso da genética para produção de carne, os administradores da Fazenda Bama foram convidados para uma visita à Embrapa Gado de Corte, para que pudessem ver os resultados experimentais em cruzamentos que a Embrapa vinha realizando. Na época, o líder do grupo para este procedimento era o Dr. Kepler Euclides Filho, hoje trabalhando na sede da Embrapa em Brasília. Apresentados os resultados, a empresa aderiu ao Programa e foi definido o objetivo de fazer o mais simples e produtivo.

A fazenda Bama já tivera antes uma experiência com cruzamentos e a partir daquele rebanho existente, traçou-se uma estratégia similar à adotada na Embrapa Gado de Corte. As matrizes aneloradas, que eram a maioria, foram divididas em dois grupos. Um primeiro grupo seria inseminado com touros Nelore. O outro grupo seria inseminado com touros Red Angus. As fêmeas inseminadas com Nelore teriam repasse com Brangus e nas inseminadas com Red Angus, o repasse seria com Nelore. As fêmeas cruzadas, que tinham diferentes composições raciais, seriam acasaladas com Canchim, tendo em vista que esta raça era a que vinha sendo utilizada experimentalmente na Embrapa e com bons resultados. Por que Canchim? Porque esta é uma raça composta, adaptada às condições de Brasil tropical, podendo assim servir a campo, tendo em sua composição a raça Charolesa, que tem grande desempenho para produção de carne. Some-se a isto tudo que existia disponibilidade no mercado de um razoável número de animais com avaliação genética para aquisição.

Desta forma, a estratégia adotada pela empresa J.L. Agropecuária foi baseada na seguinte estrutura genética de rebanho:

* 25% de vacas Nelore superiores (R1), em avaliação genética, recebendo touros da raça Nelore, para repor o rebanho Nelore;
* 25% de vacas Nelore (R2), recebendo touros de raças britânicas, para repor o rebanho de F1 Britânica-Nelore;
* 50% de vacas F1 Britânica-Nelore (R3), recebendo uma raça adaptada, preferencialmente do tipo continental, que cobrisse a campo e viabilizasse a produção de bezerros adaptados, de bom desempenho para produção de carne de qualidade. Como resultado desses cruzamentos, obtêm-se a produção de 75% de crias cruzadas e 25% de crias Nelore.

De início, a opção de raça britânica foi a Red Angus. Depois, em termos de raças britânicas, além do Red Angus, foram usados o Angus, o Hereford, e mais adiante o Senepol. Todos os cruzamentos obtiveram desempenhos semelhantes, não sendo as diferenças apresentadas de grande monta.

Para acasalar com as fêmeas F1, massivamente foi usada a raça Canchim, sendo também experimentadas as utilizações da Simbrasil e ultimamente da Senepol.

Com alguns anos de parceria, usando somente touros Nelore PO, via inseminação artificial ou monta natural, foi observado que parte das vacas comerciais Nelore tinha, além do bom desempenho, uma boa caracterização. Sendo assim a Fazenda apresentou o lote destas vacas à ABCZ para registro como LA1. Por outro lado, a Bama adquiriu conjuntos de fêmeas de bons e diferentes rebanhos. Como exemplo, podem ser citados os rebanhos do Dr. Manoel (Manuelão, PR), das Fazendas Monte Castelo e Califórnia (MS), Mundo Novo (em MG) e, mais recentemente, adquiriu embriões do Instituto de Zootecnia (SP). Hoje a Fazenda Bama conta com um rebanho Nelore PO de cerca de 2000 matrizes para produção de genética (novo R1); outras tantas Nelore comercial (R2); e ao redor de 3500 vacas cruzadas (R3) que recebem Charolês (por IA ? Inseminação Artificial), Canchim (por IA e Monta Natural) e ainda Senepol (Repasse da IA de Charoles e Canchim), touros estes de um rebanho Senepol que a Fazenda Bama tem sob seleção, para produção de genética.

O rebanho Senepol e a parceria com a PRR

No ano de 2005, sob a orientação e em companhia dos pesquisadores Dr. Roberto Torres e Dr. Luiz Otávio, o Sr. Julio Osvaldo Meneguetti, que é um dos diretores da Fazenda Bama, fez visitas a vários criatórios de Senepol nos EUA. Dentre esses rebanhos, estava o pertencente à empresa Prime Rate Ranch (PRR), sediada na Flórida, de propriedade do Sr. Art Martinez (in memorian) e de sua esposa, Srª Maggie.

Como resultado dessa visita, a J. L. Agropecuária Ltda introduziu, no ano de 2006, no seu Programa de Melhoramento Genético, a utilização da raça Senepol via inseminação Artificial. Considerando os resultados obtidos dessas aquisições, além de buscar a produção de um rebanho Senepol por absorção, optou por importar alguns lotes de embriões POI dessa raça da empresa PRR ? Prime Rate Ranch, ampliando assim, o Núcleo do Senepol, na Fazenda Bama.

Desde 2006, portanto, a Empresa tem usado o Senepol de duas formas: a primeira usando touro Senepol no repasse da inseminação com o Angus na formação do F1; a outra, usando o Senepol como repasse da inseminação com o Charolês. Paralelamente a isto, a Fazenda utiliza o Canchim, nas fêmeas F1, produzindo tricross para abate, tanto de machos quanto de fêmeas.

Genética Senepol na Fazenda Bama

A escolha do Senepol, para compor o rebanho da Fazenda Bama, foi feita porque a raça possui características peculiares para quem quer usar da prática de cruzamento, explorando a heterose na produção de carne de qualidade. Além disso, existem outras características na raça, dentre as quais algumas são preponderantes: A raça Senepol é 100% taurina; é mocha; é adaptada ao clima tropical, e sua carne possui alto valor em maciez. Todos esses fatores possibilitam ao criador, produzir e selecionar Senepol a campo nas condições de Brasil Tropical.

Outros pontos que qualificam a adaptabilidade do Senepol devem ser citados: a pelagem constituída de pele pigmentada e pelos curtos; menor infestação de ectoparasitas; e menor estresse térmico em relação às outras taurinas. Um aspecto muito interessante é a docilidade da raça que, somando ao caráter mocho, concorre para um fácil manejo, apresentando boa taxa de permanência no rebanho objeto da seleção. Quanto à produtividade, tanto os puros quanto os cruzados, apresentam índices satisfatórios, no que se refere às características de crescimento, bem como àquelas ligadas à reprodução, tendo desempenho precoce em relação aos zebuínos.

Sistema de Produção da Fazenda Bama

Com a base genética formada dos embriões importados dos Estados Unidos e a formação do Senepol por absorção, a Empresa está trabalhando na formação de seu rebanho puro da raça, de onde seleciona animais para serem utilizados em seu uso próprio e também para comercializar uma genética de alto valor, via sêmen, embriões, ou mesmo reprodutores e matrizes, para o mercado interessado.

É objetivo da Fazenda Bama, dar continuidade aos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos com a raça Senepol. A Fazenda vem utilizando os touros crioulos da raça Senepol no repasse das matrizes Nelore, que foram inseminadas com as raças britânicas. Também tem usado touros Senepol para cobrir matrizes ½ Nelore x ½ Angus, paralelamente ao uso de touros adaptados continentais, o que tem trazido resultados semelhantes e interessantes. Esta prática apresenta a vantagem da produção de animais 75% adaptados e 75% taurinos, tornando viável a produção de uma carne mais macia em condições tropicais, mesmo com uso de touros.

Por todas as razões expostas, os sócios da Fazenda Bama estão satisfeitos com os resultados obtidos até agora e mantém investimentos voltados à consolidação do Programa de Melhoramento Genético, no intuito de contribuir para o desenvolvimento da região norte do Mato Grosso e demais regiões do País e até do exterior, na disseminação de produtos de qualidade.